O campo da medicina regenerativa odontológica compreende um campo bastante atual e recente, mas que parece apresentar excelentes prognósticos, por conta do alto potencial de terapias celulares.
Dentre as principais terapias, destaca-se a utilização de células-tronco pluripotentes, ou seja, células-tronco capazes de se diferenciar em qualquer tecido do corpo, o que aumenta o potencial destes elementos para o potencial de regeneração.
No entanto, embora o Brasil disponha de profissionais e centros odontológicos avançados, estas técnicas ainda se apresentam bastante defasadas ao compararmos com outras regiões do globo, como os Estados Unidos e a Europa.
Em função disso, é notório que são muitos os desafios ainda a serem enfrentados dentro da prática clínica, mas alguns avanços já são percebidos, principalmente envolvendo a enorme capacidade das células-tronco nestes meios.
É preciso também que haja um olhar ainda mais atento aos estudos científicos, já que os mesmos serão capazes de oferecer um maior embasamento, subsidiando as práticas clínicas, em uma espécie de sistema de feedback.
Neste artigo, portanto, serão abordadas as principais concepções e utilização das células-tronco nestes tratamentos, assim como os avanços e inovações mais pertinentes. Também serão citados os desafios, impactos e perspectivas futuras para a grande área da medicina regenerativa odontológica.
Introdução à medicina regenerativa na odontologia
A medicina regenerativa odontológica é uma importante área que faz parte do próprio imaginário humano, no sentido de se prezar por uma vida de maior qualidade, sobretudo diante das adversidades presentes em um mundo moderno e acelerado.
A dentição perfeita tornou-se uma grande necessidade e busca por parte dos indivíduos, considerando estar alinhada a uma percepção de qualidade de vida e bem-estar, além da beleza em si, aspectos que se estruturam à proposta elencada na própria medicina regenerativa dentro da grande área da Odontologia.
A qualidade de vida se mantém como um dos pilares na busca de progressos das pessoas, considerando fatores como prevenção, controle e tratamento, no sentido de que evidenciam os principais fundamentos da promoção da saúde.
Para isso, a dentição saudável representa um dos objetivos a serem estabelecidos dentro de nossa sociedade, a fim de que se estabeleça uma conexão positiva entre longevidade e qualidade de vida. Em outras palavras, dentições mais belas e alinhadas indicarão um aspecto mais positivo sobre a saúde das pessoas, denotando, sobretudo, um importante componente social.
Vale salientar que o termo “endodontia regenerativa” é um termo bastante recente, de forma que o conceito de “revascularização” era mais utilizado no sentido de restabelecer a vitalidade dental, o que implica na importância da dentição tanto para a saúde, quanto à estética.
Ao se compreender melhor sobre a própria temática da regeneração odontológica, verificou-se que não somente a vascularização seria necessária, mas a possibilidade de aplicabilidade para a regeneração de outros tecidos, aumentando ainda mais o interesse pelas novas técnicas odontológicas, abrindo espaço para novos procedimentos, como a utilização de células-tronco.
Paralelamente a todos estes fatores, a medicina regenerativa passa a apresentar um papel ainda mais relevante, sendo objeto de estudo de muitos pesquisadores, assim como presente na prática clínica dos últimos anos.
A prática odontológica, no entanto, ainda encontra-se aquém do esperado, já que existem muitos percalços e desafios a serem ultrapassados. No entanto, as evidências mais recentes relembram a importância e os benefícios do emprego de células-tronco na área da medicina regenerativa.
Uso de células-tronco na regeneração de tecidos odontológicos
O uso de células-tronco na regeneração de tecidos odontológicos tem sido uma grande realidade tanto na prática clínica, como na base para o estudo de diferentes estudos científicos.
No entanto, é importante ressaltar que as terapias regenerativas estão mais presentes nestas abordagens mediante a maior longevidade que se faz presente na população atual, seja por conta do impacto positivo das próprias tecnologias, como pela conscientização das pessoas sobre a importância de se cuidar.
O envelhecimento, embora seja um processo natural, tem sido melhor compreendido. Mediante isso, as pessoas passam a estar menos propensas ao desenvolvimento de doenças e condições provenientes deste processo natural, cujas circunstâncias passam a ser objeto de estudo das áreas de medicina e odontologia, possibilitando o surgimento da Medicina Odontológica.
Dentro desta grande área, percebeu-se que a utilização de células-tronco apresenta grandes benefícios para as terapias regenerativas, uma vez que possibilitam uma maior qualidade de vida às pessoas a longo prazo.
O uso destas células-tronco se dá por seu elevado potencial de pluripotência, que representa a capacidade destas células em se diferenciarem em todos os tipos possíveis de tecidos do corpo humano. A partir deste entendimento, a utilização das células-tronco em problemas dentários tornou-se uma excelente alternativa.
O processo de envelhecimento, como citado no início do artigo, é uma pauta bastante presente, que se revela em problemas físicos, como a própria questão da dentição. Por conta disso, a utilização destas células-tronco parece ser uma grande alternativa capaz de gerar boas perspectivas aos pacientes, evitando substituições mecânicas e, consequentemente, promovendo uma maior qualidade de vida.
Ao compreendermos o uso das células-tronco, percebe-se que estes elementos podem ser utilizados em diferentes áreas da prática odontológica, como a regeneração periodontal, regeneração óssea e na regeneração de tecidos moles.
Diante disso, observa-se que alguns avanços e inovações já foram desenvolvidos através destas práticas, fruto de muitos anos de estudo e dedicação dos pesquisadores em prol da recuperação odontológica destes pacientes.
Avanços e inovações na medicina regenerativa odontológica
A medicina regenerativa odontológica representa uma área bastante inovadora, a qual demonstra boas perspectivas para o futuro, no sentido de apresentar mais benefícios do que malefícios.
As principais técnicas dentro da medicina regenerativa odontológica, dentro da terapia celular com células-tronco, envolvem a regeneração da polpa dentária através da utilização de engenharia de tecidos. Apesar da necessidade de mais estudos, há maiores vantagens do que desvantagens, quando se fala sobre a associação da terapia celular com endodontia regenerativa.
Entre as técnicas vigentes, a regeneração da polpa dentária através da técnica de engenharia de tecidos mostra-se um dos principais enfoques, cuja base é formada por células estromais mesenquimais, compreendidas como variações das células-tronco.
Um importante avanço na área compreendeu o estudo dos pesquisadores venezuelanos Gomez-Sosa et al. (2022), por meio da indução da regeneração da polpa dentária de uma paciente feminina de 55 anos.
A terapia celular utilizando células-tronco possibilitou a formação do osso periodontal, remodelação do ápice e regeneração da polpa dentária, através de transplante de células estromais mesenquimais.
Um outro caso foi por meio da utilização de células tronco mesenquimais de cordão umbilical alogênio. De acordo com o estudo de Cordero et al. (2020), estas células possibilitaram o tratamento de um dente maduro com periodontite aplical, após sofrer perfuração radicular acidental, cujos resultados foram positivos em relação ao caso.
Outra inovação a partir da regeneração e reparo de tecidos promovida pelas terapias de células-tronco se deu mediante a utilização de PRP, compreendido como um plasma rico em plaquetas.
Estes elementos, de acordo com o estudo de Paolozzi (2017) teriam aumentado as funções biológicas, induzindo a regeneração e reparação de tecidos, resultando em um importante efeito inflamatório. A partir daí, o PRP poderia ser reabsorvido, aumentando a vascularização (angiogênese), além de ser biocompatível com o perfil individual de cada paciente.
Desafios da implementação de tratamentos regenerativos na prática odontológica
Embora os tratamentos regenerativos na prática odontológica sejam bastante evidentes, ainda existem alguns desafios para sua implementação e popularização.
O tratamento regenerativo na prática odontológica exige maior robustez e aceitação pela comunidade científica. Para isso, é preciso que hajam mais estudos comprovando e reafirmando o potencial desta prática para a medicina regenerativa.
Somente a partir destes processos, a prática irá se popularizar, além de oferecer a redução dos custos em relação às atividades promovidas, no sentido de que haverá um maior treinamento por parte dos profissionais da saúde, gerando aplicabilidade no dia a dia da prática clínica.
A odontologia regenerativa é uma área que busca alimentar a capacidade de regeneração dos tratamentos odontológicos de praxe. Ao invés de realizar a remoção de tecidos orais que foram acometidos por enfermidades, a terapia celular com células-tronco prima pela facilidade do tratamento, reduzindo possíveis efeitos colaterais nos pacientes.
No entanto, esta medicina regenerativa ainda está distante da realidade dos principais centros odontológicos, exigindo maior conhecimento científico, que implica em uma validação por parte dos próprios profissionais da prática clínica.
O impacto da medicina regenerativa na saúde oral
O impacto da medicina regenerativa, portanto, é bastante evidente na saúde oral, no sentido de buscar novas propostas e alternativas para o cenário do modelo médico convencional.
Em outras palavras, a medicina regenerativa tem sido capaz de promover um papel ainda mais eficiente na regeneração de estruturas do complexo orofacial, o que se traduz em novas expectativas tanto por parte dos profissionais, quanto pacientes, no sentido de tratamentos mais promissores e humanizados.
Existem já alguns casos importantes envolvendo a medicina regenerativa, por conta de aplicações práticas. Conforme os autores Costa (2016), a medicina regenerativa representa uma área que possibilita a redução da evolução de condições como osteoartrite e outras patologias que possam gerar danos severos à articulação.
Nos Estados Unidos, o conceito de terapia biológica já é bastante comum, sendo referido como “ortobiologics” (ortobiológico). Já no Brasil, utiliza-se o termo “medicina regenerativa”, o qual apresenta o mesmo sentido, embora as terapias celulares mais utilizadas sejam provenientes de células autólogas (células-tronco dos próprios indivíduos).
Já no estudo de Martin (2004), observa-se que um dos grandes potenciais da medicina regenerativa se dá através da utilização de dentes decíduos para a regeneração de tecidos. Esta técnica, somada à prática de criopreservação, possibilita melhores prognósticos e tratamentos para pacientes que sofrem destas condições.
O interesse pelas práticas regenerativas somente tem crescido, o que também implica em novos níveis de conhecimento aprofundado sobre as terapias celulares (como a de células-tronco), as quais podem ser aplicadas para diferentes profissionais da área odontológica.
No entanto, o campo das terapias regenerativas odontológicas ainda é pouco explorado no Brasil, ao se comparar com outras regiões do mundo, como Estados Unidos e Europa, também em função de maior investimento em pesquisa na área.
Perspectivas futuras para a medicina regenerativa odontológica
A medicina regenerativa odontológica ainda é uma prática bastante inovadora e recente em comparação ao modelo convencional, sobretudo envolvendo as práticas associadas às extrações e remoções dentárias.
A revitalização dos dentes necrosados é um dos enfoques da endodontia regenerativa, alegando o elevado potencial da terapia celular nestes procedimentos, principalmente por envolver uma série de técnicas que podem ser utilizadas em prol de maior qualidade de tratamento ao paciente, cujas fontes de células-tronco compreendem matriz extracelular, cordão umbilical, cell homing e o próprio transporte de células-tronco.
No entanto, vale ressaltar que o desenvolvimento e o incentivo a novos estudos científicos dentro da área da endodontia regenerativa é mandatório, para que a medicina convencional disponha de novas alternativas na área odontológica.
Novamente, ao compararmos o Brasil em relação a outros locais no mundo, em termos de regulamentação das terapias celulares dentro da área da medicina regenerativa odontológica, ainda percebe-se um grande atraso.
A autorização das terapias biológicas utilizando células-tronco já é uma realidade na Europa e nos Estados Unidos, ao passo que no Brasil, ainda existe uma espera pela aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Por outro lado, existem bons prognósticos e perspectivas sobre o futuro da medicina regenerativa odontológica. Considerando que os pacientes somente têm a ganhar neste cenário, as terapias celulares odontológicas representam excelentes alternativas e complementos ao tratamento convencional.
Referências Bibliográficas: Research, Society and Development, v. 11, n. 16, e11111637300, 2022
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 |
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/odontologia/endodontia-regenerativa