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27/01/2015

BATE-PAPO SOBRE MULHERES NEGRAS E TRABALHO DOMÉSTICO



A 80ª edição do projeto Bate-papo Cultural acontece com palestra e lançamento do livro ?Libertas entre sobrados - Mulheres negras e trabalho doméstico em São Paulo (1880-1920)?, da historiadora Lorena Féres da Silva Telles. O evento será realizado no Arquivo Público e Histórico de Rio Claro, aberto à comunidade, na próxima terça feira, dia 27 de janeiro, a partir das 20h.
Graduada, mestre e doutoranda em História pela USP, Lorena Telles apresenta a metodologia que adotou para pesquisar o trabalho doméstico em São Paulo durante o século XIX, antes e depois da Abolição da escravidão, analisando a relação entre mulheres negras e a profissão de empregada doméstica.
Segundo a autora, o livro remete ao período da Abolição no Brasil. ?Comecei a pesquisar os processos de vagabundagem, como eram chamados na época. São históricos referentes às mulheres presas por vadiagem, considerada uma contravenção, registrados após a extinção da escravatura?, conta Lorena.
Conforme os registros policiais, tratavam-se de mulheres desempregadas, bêbadas ou que somente estavam pelas ruas. A extrema miséria se confundia com vagabundagem e prostituição que, agravados pelo racismo, culminava em prisão.
A professora investigou também as antigas posturas municipais sobre criados, ou seja, a documentação das inscrições de empregados domésticos e contratos de trabalho.
?Esses livros de registro surgiram em função de uma lei promulgada em 1886, dois anos antes do fim da escravidão, que teve o objetivo de regulamentar o trabalho doméstico livre?, explica Lorena.
Pelas descrições do empregado anotadas nas fichas como nome, filiação, naturalidade, tempo de serviço e salário, a escritora observou que aproximadamente cinquenta por cento dos inscritos eram mulheres negras. Algumas patroas identificavam as empregadas como ?preta? e ?liberta?, termos que indicam uma relação prévia de escravidão.
?Procurei entender como estas mulheres atuaram na transição do trabalho doméstico escravo para o livre? diz Lorena, ao destacar as lavadeiras, cozinheiras, engomadeiras, amas de leite, arrumadeiras, quitandeiras e o serviço doméstico geral onde a empregada cuidava da casa, das crianças e dos patrões. ?O livro fala sobre sujeitos sociais silenciados durante a história?, completa.
Os relatos mostram o cotidiano de um trabalho mal remunerado e ininterrupto, onde a empregada, que morava na casa dos patrões, era muitas vezes a primeira a acordar e última a dormir. ?Essas são heranças das relações de trabalho escravista?, analisa Lorena, e lembra também que a regulamentação da CLT para domésticas ocorreu há apenas dois anos no Brasil.
Após a palestra será aberto uma discussão sobre o tema. Os interessados poderão adquirir o livro ?Libertas entre Sobrados? no local pelo preço de R$ 40,00. O Bate-papo Cultural oferece certificado de participação e inclui sorteios de quites com produtos do Arquivo.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3522.1938. O Arquivo Público se localiza na Rua 6, 3265, Alto do Santana, no NAM ? Núcleo Administrativo Municipal.








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